terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Escolhi não te esperar


Te vi e assim que coloquei os olhos em ti, te quis. Aproximei-me e perguntei seu nome, que combina com o meu, então nunca esqueci. Outra vez estava sem óculos e, mesmo sendo míope, te reconheci de longe. Fiquei dali admirando a tua presença borrada.
Passaram-se anos até que, enfim, nossas vidas se cruzaram novamente. Finalmente tive a chance de te conhecer, conversar, conviver, e ter a ilusão de te ter por alguns instantes. Eu te tive por perto durante muito tempo. E apesar de poder te ver de perto, demorei a desembaçar a tua imagem e te enxergar de verdade. E nem é culpa sua, já que você vivia tentando abrir meus olhos a seu respeito, deixando bem claro que você nunca quis nada além comigo. Só que eu tinha esperança e esperei você mudar de ideia, tanto que me desfiz de quase tudo que eu achava correto só para tentar te ter sempre ao meu lado. Mas não vale a pena, meu amor. Nunca vale a pena se você tem de desistir de ser você mesmo ou não se orgulha do que tornou.
Certo dia, como outro qualquer, você finalmente quis dar um basta nisso e partiu. E foi diferente das outras vezes em que eu ou você partia e depois voltávamos à estaca zero. Dessa vez eu deixei você ir. E naquele dia em que você foi embora eu fiz uma das escolhas mais sérias da minha vida: eu escolhi não te esperar. Nunca mais.
E eu sei que quem fica se parte e quem parte nunca vai inteiro. E que não é fácil para nenhum dos lados. Você se foi, mas um dia pode perceber que deveria ter ficado e eu terei que ter forças para não te aceitar de volta. É necessário ser muito forte para deixar ir embora quem você quer e que quer ir e a ser muito firme para não deixar que o mesmo volte a lhe partir.
É melhor aceitar a perda e pagar a dor à vista do que passar a vida toda parcelando uma espera sem ter o devido retorno.
Quanto mais rápido aceitamos a tristeza, mais rápido ela acaba. A tristeza amassa, o tempo passa e as lágrimas secam. Um dia esse sentimento secará também. Espero.